A África nos mostrará o caminho.

By | 28 de agosto de 2015

No conclave que revelou o argentino Bergoglio como novo papa (todo meu respeito e carinho filial a ele), eu torcia por um cardeal africano. Já no conclave anterior, achando que Deus ouviria os pedidos de Joseph Ratzinger e não o escolheria para uma nova missão, eu torcia para o africano Francis Arinze. Ratzinger, para minha maravilhada surpresa, foi escolhido para um papado que nos deixou grandes bençãos. Eu digo surpresa porque achei que fossem ouvir seu pedido de aposentadoria, mas, na prática, Ratzinger era um dos óbvios papabile. Quando Arinze deixou de ser papabile, eu torci por outro africano. Na verdade, quase qualquer cardeal africano serviria, e já explico o motivo. Hoje, essa figura se torna mais clara na pessoa do Cardeal Robert Sarah.

Francis Arinze, de quem sou um grande admirador, nasceu na Nigéria. Doutor em teologia, sua fé, fervor catequético, e visão, foram logo reconhecidos. Ele se tornou o mais jovem bispo da Igreja, e o primeiro arcebispo africano de nascença a ocupar sua diocese. Em meio à guerra separatista na Nigéria, ele viveu como refugiado em diferentes cidades. Em todo momento, Arinze viveu para os refugiados, alimentanto os famintos e cuidando dos doentes de todas as maneiras possíveis, e angariando toda ajuda que conseguia. Criou um sistema de ajuda que foi considerado um dos mais eficientes da história por observadores internacionais. Arinze já era bem conhecido pelo então Papa João Paulo II quando o resto do mundo o conheceu. Por seu trabalho e capacidade de diálogo com a população muçulmana da região, Arinze foi feito cardeal em 1985, e logo Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Interreligioso. Em 2002, foi feito Prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. Pela idade, deixou de ser papabile, e se aposentou de seus deveres na Congregação para o Culto Divino. Ainda ativo, é um exemplo de ortodoxia e viaja o mundo pregando e gravando programas sobre diversos assuntos.

Robert Sarah nasceu na Guiné, e viveu sob regimes brutais. Seu antecessor foi prisioneiro dos comunistas durante anos, e o então arcebispo Sarah foi publicamente alvo de uma campanha pelo seu assassinato. Foi salvo por São João Paulo II, que o tirou imediatamente da África para ocupar o lugar de Secretário na Congregação para a Evangelização dos Povos. De lá pra cá, sua fé, coragem, e ortodoxia, têm chamado a atenção de todos. Ele já respondeu ao genocida Gaddafi; já chamou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, de estúpido por se meter na cultura africana. Ainda disse que o secretário não sabia nada da África, e que a ONU impunha sua visão por meio de chantagem econômica sobre os países pobres. Hoje ele está no lugar que um dia foi do Cardeal Arinze na Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. Ainda pode se tornar papa.

O que eles têm em comum, fora os óbvios fatos de serem africanos e católicos? Eles são apenas dois exemplos da incrível ortodoxia que surgiu da África no século XX. Todos em condições de absoluta pobreza, guerras sangrentas, genocídios, ditaduras violentas etc. A África hoje representa algo que a América-Latina jamais entendeu. Enquanto aqui se fingiu viver sob condições parecidas, e tudo o que conseguiu surgir foi heterodoxia, heresia e a prontidão para buscar em mais ditaduras comunistas o caminho para o mal do povo, a África viveu o que aqui jamais poderia se comparar. Sob tais condições não nasce heresia. Nasce uma profunda fé, uma certeza de que a verdade está com a Igreja, com o Magistério, e com o Sacrifício do Cordeiro de Deus. Não com o homem e sua tentativa de tornar a vida terrena um paraíso através de uma falsa igualdade. Mas com a verdadeira justiça que promove o homem como filho de Deus, sagrado em sua individualidade e direito à vida, e com dignidade inatacável. Livre para escolher seu caminho, amar a Deus e criar sua família em sua propriedade como quiser. É da África que, ao que tudo indica, virá o exemplo para a salvação da civilização ocidental. Quem pratica filantropia telescópica não sabe a necessidade do amor divino em sua plenitude. Não sabe o que é sofrer de verdade, e não querer apenas pão dado com sua liberdade como contrapartida. Enquanto aqui se prolifera como praga a Teologia da Libertação, estragando nossa Igreja e poluindo a cabeça dos fiéis, na África surge um fervor catequético legítimo, uma ortodoxia forjada a ferro e fogo. Um amor a Deus que emociona e é exemplo. Um caminho que deve ser seguido pelo nosso bem e de toda Santa Igreja. É a palavra de Deus lida e vivida sem deturpação ou interferência do homem. É o exemplo de quem diz: “A idéia de colocar o ensino magisterial em um mostrador bonito enquanto o separa da prática pastoral, que então poderia evoluir conforme as circunstâncias, modas, e paixões, é um tipo de heresia, uma perigosa doença esquizofrênica. Eu declaro, então, solenemente, que a Igreja Africana é francamente oposta à qualquer rebelião contra o ensinamento de Cristo e do Magistério. A Igreja da África está comprometida, em nome do Senhor, a manter inalterados os ensinamentos de Deus e de Sua Igreja”. – Robert Cardeal Sarah.

Pelo visto, a África nos mostrará o caminho, ou sucumbiremos acreditando que sabemos tudo sobre sofrimento e, cinicamente, podemos escolher para o povo o que ele deve fazer, comer, pensar etc. Se falharmos em ouvir a Igreja Africana, passaremos pelo que o povo de lá passou e passa, mas sem o devido entendimento da Palavra de Deus, e orgulhosos de nossa rebeldia contra o Magistério.

Só o Magistério é o Magistério! Sob a liderança do papa como sinal claro da Igreja e assim proclamado por Cristo. Conferências episcopais são úteis, a Celam é útil, mas não são o Magistério. E a América-Latina e seus religiosos têm que resistir à tentação de fazer um ‘magistério’ dentro do Magistério. Ou acreditar que qualquer conselho de bispos tem a mesma autoridade do real Magistério da Igreja. Qualquer coisa contrária ao Magistério será desligado do Corpo de Cristo, gostem aqui na América-Latina ou não. É a hora de encarar os fatos e entender que a verdade não é relativa, e a salvação é uma escolha. Você não decide como é. Só pode aceitá-la ou não. É hora de seguir o exemplo africano e ajudar a salvar o que resta do ocidente. Mais importante ainda, é hora de salvar nossas almas por aqui.

Em Cristo, entregue à proteção da Virgem Maria,

um Papista.

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